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Overtraining: efeitos positivos ou negativos?

Exagerar na prática de exercícios físicos pode ser tão ruim quanto ser sedentário! Como tudo deve andar em equilíbrio, o esporte também precisa de suas recomendações e limites. Você sabe o que é a síndrome de overtraining?

Overtraining é definido como um aumento excessivo no volume do treinamento e/ou intensidade do exercício físico, resultando em decréscimos no desempenho e em um maior tempo de recuperação, podendo chegar a meses. Dentre as alterações mais comuns, destacam-se as alterações parassimpáticas (fadiga, depressão, bradicardia, perda de motivação), alterações simpáticas (insônia, irritabilidade, agitação, taquicardia, hipertensão, inquietação), imunológicas (aumento da suscetibilidade a infecções, diminuição da atividade dos neutrófilos) e bioquímicas (diminuição da hemoglobina, diminuição da concentração de glutamina, depleção de minerais, como o zinco, selênio e cobre).

Existem inúmeras hipóteses para justificar a síndrome do overtraining em atletas. São elas:  hipótese do glicogênio –  diminuição do glicogênio causa fadiga e diminuição do desempenho; hipótese do estresse oxidativo – causa dano muscular e fadiga; hipótese da glutamina – diminuição da glutamina promove disfunção imunológica e aumento da susceptibilidade à infecção; e hipótese hipotalâmica – desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Qual a prevalência e os mecanismos da síndrome de overtraining?

Estimativas mostram que overtraining atinge a grande maioria do grupo de atletas, ocorrendo pelo menos uma vez durante a trajetória esportiva. De acordo com dados de prevalência, em torno de 7 a 20% de todos os atletas apresentam sintomas da síndrome em cada período competitivo. Esse percentual é ainda maior em esportes de endurance, girando em cerca de 60% em corredores de longa distância, 50% em jogadores de futebol semiprofissional, 33% em atletas de basquete e 21% em nadadores.

Uma hipótese a ser discutida é a hipotalâmica, nesse sentido, sugerindo a desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que leva à alteração dos níveis de cortisol, hormônio adrenocorticotrófico e testosterona. O exercício de endurance prolongado pode levar a alterações dos níveis de testosterona livre, sendo que estudos mostram que nestes atletas os níveis basais de testosterona livre são menores que em indivíduos não treinados.

Dessa forma, a elaboração e o planejamento de um programa de condicionamento são de extrema importância para alcance do melhor desempenho, prevenção do overtraining e redução do risco de lesões durante o treinamento!

 

REFERÊNCIAS

BROOKS, K.; CARTER, J. Overtraining, exercise, and adrenal insufficiency. J Nov Physiother., Los Angeles, v. 3, n. 125, p. 1-10, 2013.

CUNHA, G. S.; RIBEIRO, J. L.; OLIVEIRA, A. R. Sobretreinamento: teorias, diagnóstico e marcadores. Rev Bras Med Esporte, Niterói, v. 12, n. 5, p. 297-302, 2006.

HACKNEY, A. C.; KOLTUN, K. J. The immune system and overtraining in athletes: clinical implications. Acta Clin Croat., Zagreb, v. 51, n. 4, p. 633-641, 2012.

KREHER, J. B. Diagnosis and prevention of overtraining syndrome: an opinion on education strategies. Open Access J Sports Med., Auckland, v. 7, p. 115-122, 2016.

MEEUSEN, R. et al. Prevention, diagnosis, and treatment of the overtraining syndrome: joint consensus statement of the European College of Sport Science and the American College of Sports Medicine. Med Sci Sports Exerc., Madison, v. 45, n. 1, p. 186-205, 2013.

SARAIVA, R. M.; ROGERO, M. M. Overtraining. In: PASCHOAL, V. Tratado de nutrição esportiva funcional. São Paulo: Roca, 2015. cap. 19. 329-351.

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